A Ubisoft finalmente atendeu ao antigo desejo dos fãs e levou a franquia Assassin’s Creed para o Japão Feudal. Com Shadows, a série retorna com uma ambientação fascinante, dois protagonistas jogáveis e uma abordagem menos focada em elementos de RPG do que seus antecessores diretos, Odyssey e Valhalla. Agora chegou o momento de conferir a nossa análise completa e sem spoilers.
Será que essa nova entrada na saga faz jus ao peso de seu próprio nome?
Uma Dupla de Protagonistas
Ao decorrer da nossa análise, ficou claro que a maior inovação de Assassin’s Creed Shadows é sua estrutura narrativa dividida entre dois personagens jogáveis: Naoe, uma shinobi ágil e furtiva, e Yasuke, um samurai poderoso e imponente. Essa dualidade não é apenas estética; ela reflete diretamente a jogabilidade. Naoe se destaca pelo uso das sombras, escalando paredes, eliminando inimigos de forma silenciosa e utilizando ferramentas clássicas como kunais, shurikens e bombas de fumaça. Yasuke, por outro lado, é um guerreiro de combate direto, resistente e capaz de enfrentar múltiplos inimigos sem grandes dificuldades, empunhando armas como a naginata e o kanabo para golpes devastadores.
O jogo permite alternar entre os protagonistas em determinados momentos, mas, no geral, a experiência de cada um é bem distinta e adaptada a diferentes estilos de gameplay. Essa variedade é um dos pontos altos do jogo, tornando as missões mais dinâmicas e oferecendo opções estratégicas para o jogador.
Trama Envolvente, Mas Sem Surpresas
A história se passa no final do período Sengoku, um dos mais caóticos da história japonesa, onde samurais e clãs ninjas lutavam pelo controle do país. Naoe busca vingança após sua vila ser destruída pelas forças de Oda Nobunaga, enquanto Yasuke, um guerreiro de origem africana que foi escravizado pelos portugueses antes de se tornar samurai, tenta encontrar seu lugar em uma sociedade que ainda o vê como um estrangeiro.
Apesar do enredo bem construído e dos momentos emocionantes, a narrativa segue uma estrutura familiar para os fãs da franquia. Traições, conspirações e vinganças estão presentes, mas sem grandes reviravoltas. O jogo aposta mais na força emocional dos protagonistas do que em inovações narrativas.
Jogabilidade Refinada e Menos RPG
Diferente de Odyssey e Valhalla, Shadows reduz o peso dos elementos de RPG. O sistema de níveis e progressão ainda existe, mas não domina a experiência. Em vez de depender de estatísticas complexas e um extenso loot, o jogo foca na estratégia e na execução do combate ou da furtividade.
A exploração é recompensadora, com segredos escondidos pelo vasto mapa do Japão. Templos históricos, vilarejos e fortalezas aguardam o jogador, que pode sincronizar pontos de visão para desbloquear novas áreas e descobrir missões secundárias. Além disso, um sistema de construção de esconderijo adiciona um elemento de gerenciamento interessante, permitindo personalizar a base de operações e recrutar aliados.
Mundo Aberto Impressionante, Mas Com Algumas Repetições
O Japão Feudal é retratado com um nível de detalhe impressionante. O ciclo dinâmico de clima e a variação entre estações deixam o mundo vibrante e imersivo. As cidades são movimentadas, os templos são fiéis às suas referências históricas, e os campos de arroz e florestas de bambu proporcionam paisagens de tirar o fôlego.
No entanto, a repetição de missões secundárias e algumas mecânicas que se tornam previsíveis ao longo do tempo podem causar um leve cansaço. Atividades como limpar fortalezas e coletar itens específicos podem se tornar mecânicas obrigatórias para progressão, tirando um pouco da espontaneidade da exploração.
Desempenho Técnico e Problemas Comuns
A Ubisoft adiou Assassin’s Creed Shadows algumas vezes para refinar a experiência, e isso trouxe melhorias evidentes. No entanto, alguns bugs ainda estão presentes, como travamentos esporádicos em cutscenes e falhas ocasionais na IA inimiga.
A dublagem, especialmente em português, é excelente, mas apresenta momentos inconsistentes, onde a emoção das falas não condiz com a intensidade da cena. O modo imersivo, que mantém cada personagem falando seu idioma nativo (japonês, português de Portugal, entre outros), é uma opção interessante para quem busca ainda mais imersão.
Conclusão: Um Passo à Frente, Mas Sem Revolução
Ao decorrer da nossa análise, notamos que Assassin’s Creed Shadows entrega um dos mundos mais ricos e bem construídos da franquia, aliado a uma jogabilidade mais estratégica e personagens carismáticos. O combate refinado, a ambientação detalhada e a dualidade entre Yasuke e Naoe são pontos que elevam a experiência. No entanto, a repetição de missões e alguns problemas técnicos impedem que o jogo alcance a excelência total.
Se você é fã da série e sempre quis explorar o Japão Feudal sob a ótica dos Assassinos, Shadows é uma excelente escolha. Mas se espera uma revolução na franquia, pode não se agradar totalmente. O jogo reafirma a identidade de Assassin’s Creed sem reinventá-la – e, às vezes, isso é o suficiente para garantir uma grande aventura.
Jucélio “Lenda” Verissimo
Computador (PC)
Assassin’s Creed: Shadows foi gentilmente cedido pela Ubisoft para a realização desta análise.
Esta review representa a nossa opinião diante de tudo o que vimos e experimentamos, sabemos que cada pessoa possui opiniões diferentes em alguns aspectos, por isso sempre encorajamos que todos experimentem e tirem as suas próprias conclusões.